Não teve tempo de subir as escadas para se esconder. Foi alvejado pelas costas e caiu próximo aos degraus

Como morreu

Nemes foi executado na porta da sua casa, na zona rural de Lábrea, município no sul do Amazonas que, esquecida pelas autoridades, transformou-se em uma espécie de laboratório do crime e do desmatamento. Ele era uma das lideranças entre os posseiros que buscavam garantir um pedaço de terra no Seringal São Domingos, área de 22 mil hectares que pertence à União, mas está em disputa entre posseiros, madeireiros, fazendeiros e grileiros. Nemes foi executado por seis pistoleiros mascarados que entraram no seringal em motocicletas. Infelizmente, não foi o primeiro nem será o último. Moradores da região falam em cerca de cem assassinatos nos últimos dez anos – entre eles Denis, que morreu sete meses depois de Nemes.

O que dizem os investigadores

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas afirmou que os boletins de ocorrência foram feitos na delegacia do distrito de Extrema, em Rondônia. A delegacia de Extrema afirmou que “inexistem ocorrências policiais com estas vítimas” e que “os corpos foram levados para Acrelândia [no Acre]”. O Gabinete de Segurança do Governo do Acre disse que a “família da vítima esteve no Centro Integrado de Inteligência de Acrelândia, porém, não foi registrado Boletim de Ocorrência e nem abertura de inquérito - sendo o caso direcionado à Lábrea (AM)”.