“Quando saía, deixava a roça plantada para a mulher, capinava e, depois, ela batalhava. O que a gente faz com as saudades? (Risos) Tinha que ficar com a gente mesmo. A hora que dá mais saudades é à noite. Você fica pensando se estão doentes, se têm comida. Incomoda tanto que a gente fica naquele desperdício de sono, e tem que mudar de pensamento para dormir.
Passei 12 anos no mundo até chegar à (fazenda) Brasil Verde. Lá a gente ficava nas mãos do capataz (fiscal). Ele fazia com a gente o que queria. Não podia sair de lá. Eles ameaçam: 'quem fugir vai chegar em casa com um braço só'. Um cabra como eu, que dá produção no serviço... era para cuidar mais de mim. Sabe o que é acordar todo dia de madrugada e vestir uma roupa molhada para ir para o serviço? As botas molhadas... Era serviço ruim, comida ruim. Então não é escravo? É escravo, sim.”
Luis Cincinato, 64 anos, trabalhador rural