"Lembro que a Federal estava em uns três carros brancos. Chamaram a gente para o meio da estrada. Daí perguntaram se a gente tinha vontade de voltar para nossa casa. Respondemos: 'Temos'. Quiseram saber como era o trabalho. A gente contou tudo, que prometeram um salário mínimo para fazer um serviço leve, das cruzes (sepulturas). Daí todo mundo foi para o barracão com a Federal. Eles retornaram no outro dia para buscar a gente.
Foi a primeira e a última vez que fizeram aquilo comigo. Não saí mais para longe. Chego, no máximo, no Maranhão. Lá, fico na casa de um amigo meu. Trabalho de roça, capim, plantação, faço carvão... Trabalho por diária. Lá, ganho entre R$ 35 e R$ 25. E, todo mês, venho visitar minha irmã no Piauí."
Raimundo Nonato da Silva, 46 anos, trabalhador rural